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quarta-feira, 28 de março de 2012

Estado participa de construção de acervo para Museu das Ligas Camponesas em Sapé

Governador Ricardo Coutinho e Elizabeth Teixeira em Sapé
 
Estado participa de construção de acervo para Museu das Ligas Camponesas em Sapé

Com o objetivo de reunir um acervo que retrate as lutas das ligas camponesas na Paraíba, o Governo do Estado, por intermédio da Casa Civil, vem dialogando com estudiosos e instituições históricas de Pernambuco relacionadas à luta do homem do campo pela reforma agrária e pela justiça social.


O governador Ricardo Coutinho determinou desde o ano passado a desapropriação de uma área localizada no Sítio Antas do Sono, onde vivia o líder camponês João Pedro Teixeira, assassinado em 2 de abril de 1962, no município de Sapé. A casa está sendo recuperada de maneira fidedigna.

Para o secretário chefe da Casa Civil, Lúcio Flávio Vasconcelos, a integração entre os estados da Paraíba e Pernambuco rompe não apenas as fronteiras geográficas, mas também limitações políticas, para que o Memorial das Ligas Camponesas se torne um patrimônio de todo o Nordeste. "Esse é um instrumento não apenas de recuperação histórica da memória, mas de preparação de gerações para que se compreenda a importância das ligas e tenhamos uma reflexão sobre as nossas lutas atuais”, disse.

As Ligas Camponesas nasceram em Pernambuco em 1954, na cidade de Vitória de Santo Antão e foi o movimento mais importante pela reforma agrária no Brasil até a Revolução de 1964. O advogado e político Francisco Julião é tido como o líder mais conhecido das ligas e se destacou como um defensor dos camponeses em busca da distribuição de terras e da extensão das leis trabalhistas ao setor rural.

De acordo com o Anacleto Julião de Paula Crêspo, filho de Francisco, a iniciativa do Governo do Estado é corajosa e de fundamental importância para a Paraíba e para o Brasil. "O governador Ricardo está contribuindo para o resgate das lutas sociais no país. A criação do Museu das Ligas Camponesas vem refazer a história de luta de nosso povo e isso é de um significado enorme”, afirmou.

O epicentro da repressão ao movimento, depois do golpe de 1964, concentrou-se em Pernambuco e toda a documentação, arquivos, fotos e demais materiais sobre as ligas foram apreendidos no Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) e no arquivo público de Pernambuco. Para a composição do acervo em Sapé, foi necessária uma pesquisa em diversas entidades pernambucanas, a exemplo da Fundação Joaquim Nabuco, o Palácio das Princesas e o próprio arquivo pessoal de Anacleto Julião sobre o pai e os demais integrantes que compuseram o movimento.

A Paraíba é um Estado de significativa importância em termos de luta pela reforma agrária, tendo no município de Sapé o número mais expressivo de participantes, onde agregou mais de 10 mil pessoas afiliadas, o que assustava os grandes latifundiários da época. João Pedro Teixeira foi o fundador no Estado e é considerado um mártir da luta pela terra no Nordeste. As ações em defesa dos direitos dos camponeses eram feitas em mutirões com centenas de pessoas transportadas em caminhões.

João Pedro Teixeira foi assassinado com três tiros nas costas, em uma emboscada próximo ao Sítio Antas. Mais de cinco mil camponeses acompanharam o enterro. A mulher de Pedro Teixeira, Elisabeth Teixeira, deu continuidade à luta do marido e deve participar da inauguração do Museu Histórico das Ligas Camponesas, que também vai abrigar um complexo educacional voltado para a atividade rural.


 




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